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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

FINADOS = FINITUDE DE TODOS NÓS!

Fotos: Nosso modesto e lindíssimo cemitério no Vale de Nazaré


Entre curvas, subidas e descidas, sol e chuva, caminhamos para a finitude de nós mesmos. Celebrar a memória dos nossos entes queridos é também olhar para nosso próprio processo/caminho. Sabemos que aqui somos meros passageiros e que sequer sabemos o dia, a hora e em que condições será nossa “última estação”. Hoje li um lindo artigo do grande Rubem Alves, fazendo sua despedida no jornal Folha de São Paulo, dizendo que por estar velho e com as forças cada vez menos ativas, vai parar de escrever. Este artigo logo mais vou postá-lo aqui e me deu a certeza de nossa inegociável finitude existencial e não espiritual. 

Na maioria das vezes somos passageiros dorminhocos, distraídos e até mesmo maus, egoístas, apenas voltados para nossos pequenos e muitas vezes inúteis interesses. Raras vezes paramos nosso “carro existencial” e colocamos flores no nosso cesto para distribuí-las  alegremente e levemente às pessoas que de fato amamos e que sabemos que dariam muito por nós mesmos se a elas também permitíssemos um amor sem cobranças e a espera de troca de qualquer natureza. Sequer vemos as flores ao lado dos caminhos que percorremos todos os dias.

Finados lembra-nos no plural que todos somos finitos e tal fim chega muitas vezes mais cedo que se pensa ou se quer. O dia de hoje tem um sabor de DESPEDIDA. Sim, a vida é na verdade preparar-se para as despedidas e na verdade todos os dias fazemos algo que é também despedida. O mais triste é não ter de quem ou ter pouca gente amorosa para se despedir. Dizem os poetas que quando perdemos a capacidade de sentir as flores, na verdade estamos mortos, apenas ainda não fomos sepultados e que será questão curta a se dar. 

A despedida sempre deixa uma sensação de pouca terra abaixo dos pés ou deixa nossa respiração mais lenta e nossa visão mais atenta, para não perdermos nenhum detalhe.

Uma vez, ainda muito jovem,  dei um grande e demorado abraço num amigo querido, que desde nossa infância podíamos construir juntos sonhos e fantasias. Um dia ele teve que “ir embora” para longínqua região do Brasil. Separamos para sempre. Ele viveu muitos anos após e por fim morreu. Sua morte não foi para mim tão dolorosa quanto a despedida abaixo de uma generosa sombra de amendoeira num tórrido dia de verão. Ele partiu e algo em mim também partiu em pedaços. Um dia sua linda esposa me confidenciou:

“O Plínio viveu feliz, mas com olhos de saudades eternas
dos seus três melhores amigos e você foi um deles”

Inda bem que somos cristãos e sabemos pelas Escrituras que a morte do amigo e amado Jesus foi para  abrir largas “porteiras” que leva-nos garantizados à salvação eterna. Eternidade é o nome mais próximo de Deus que qualquer outro.

Obrigado aos amigos queridos que já partiram e perdão aos amigos queridos quando para eles nem sempre o tempo que tenho é também a eles partilhado. Vivamos e amamos mais e melhor enquanto se pode isso fazer. Amém!

Túmulo do nosso "santo" e querido Fratermo João Martins,fpm

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