Já
fui bonita,
muito
bem vista, e por isso mesmo,
também
muito desfrutada;
Eu
era resistente, podia suportar pesos.
Muitos
puderam descansar sobre mim,
que
apenas silenciosa tudo escutava;
O
tempo foi passando, fui envelhecendo,
mas
não cuidaram de mim, apenas me usaram.
Não
me protegeram contra as quedas inúteis.
E
quantas quedas!
Quantas
vezes,
meus “usuários” iam às “nuvens”,
felizes
com a prosa.
Os
comensais pesavam conforme enchiam as panças,
como
se aquela fosse a última refeição de suas vidas.
Outras
vezes não conseguiam se levantar,
de
tanto álcool ingerido.
Nessas
ocasiões me abatia terrível medo,
pois
sempre eu era chutada,
jogada
contra a parede,
até
mesmo surrada.
E
assim,
fui
ficando debilitada,
ao
lado da crescente debilidade
de
minhas péssimas companhias.
O
tempo passou.
Um
câncer em movimento entrou em mim,
vindo
do mundo dos ápteros.
Perdi
quase todas as pernas
e
sem elas a minha natural beleza.
Agora
ninguém se lembra de mim.
Estou
jogada em qualquer canto,
até
parece que nunca ajudei nos tantos encantos.
Um
triste fim, sim!
Somos
vítimas de nossos fins,
quando
em torno de nós vivem
os
que acham que não existe o fim de tudo
e
para tudo.
Fui
elegante, necessária,
importante
no coração da sala.
Agora
tão somente me resta,
esperar
o último golpe fatal.
Ou
ainda quem sabe, ser buscada por um pobre,
pois
os pobres sabem,
dar um fim digno pra quase tudo.
Agora,
velha, alquebrada, pobretona e esquecida,
ainda
vale ser por um pobre lembrada,
e
quem sabe, até mesmo consertada,
servindo
ainda por um tempo
ao
tempo dos que ainda sabem
serem
gratos e solidários.
Amém!
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