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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A cadeira quebrada!


Já fui bonita,
muito bem vista, e por isso mesmo,
também muito desfrutada;

Eu era resistente, podia suportar pesos.
Muitos puderam descansar sobre mim,
que apenas silenciosa tudo escutava;

O tempo foi passando, fui envelhecendo,
mas não cuidaram de mim, apenas me usaram.
Não me protegeram contra as quedas inúteis.

E quantas quedas!
Quantas vezes, 
meus “usuários” iam às “nuvens”,
felizes com a prosa.
Os comensais pesavam conforme enchiam as panças,
como se aquela fosse a última refeição de suas vidas.

Outras vezes não conseguiam se levantar,
de tanto álcool ingerido.
Nessas ocasiões me abatia terrível medo,
pois sempre eu era chutada,
jogada contra a parede,
até mesmo surrada.

E assim,
fui ficando debilitada,
ao lado da crescente debilidade
de minhas péssimas companhias.

O tempo passou.
Um câncer em movimento entrou em mim,
vindo do mundo dos ápteros.
Perdi quase todas as pernas
e sem elas a minha natural beleza.

Agora ninguém se lembra de mim.
Estou jogada em qualquer canto,
até parece que nunca ajudei nos tantos encantos.

Um triste fim, sim!
Somos vítimas de nossos fins,
quando em torno de nós vivem
os que acham que não existe o fim de tudo
e para tudo.

Fui elegante, necessária,
importante no coração da sala.
Agora tão somente me resta,
esperar o último golpe fatal.
Ou ainda quem sabe, ser buscada por um pobre,
pois os pobres sabem, 
dar um fim digno pra quase tudo.

Agora, velha, alquebrada, pobretona e esquecida,
ainda vale ser por um pobre lembrada,
e quem sabe, até mesmo consertada,
servindo ainda por um tempo
ao tempo dos que ainda sabem
serem gratos e solidários.
Amém!



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