VISITAS DESDE 18.11.2010

AQUI: postagens anteriores

sexta-feira, 16 de março de 2012

Piedade demais e FÉ de menos!

Uma vez as pessoas no dia de hoje, sexta-feira da quaresma, faziam sinceros jejuns. Havia sim sinceridade nos gestos em nada consumir de sólido e líquido. Mas faltava um sentido espiritual fundado numa clara teologia para que o exercício não ficasse preso a uma mera piedade individual. Era jejum fechado no próprio jejum. Como se calçasse um sapato e não saísse de casa e ficando ainda sentado no sofá. Neste caso estar de sandália era a mesma coisa. O estar de sapato nada acrescentava à ação em si mesma.

Aos poucos esses piedosos exercícios com forte coloração individualista – “salva a tua alma” – foram sendo esvaziados e até perdendo o significado por falta de um embasamento teológico e bíblico com “pé e cabeça”.

Eram tantos piedosos meios que é impossível listá-los todos: jejum,via sacra, subida ao morro da cruz, confissão sacramental toda sexta-feira, oração do terço para aliviar os sofrimentos de Jesus, visita ao asilo onde se levava coisas usadas aos pobres, etc, etc, etc...

Hoje, aos poucos, especialmente no grande mundo urbano, surgem novas formas, também cristãs e teologicamente bem mais centradas, de viver a quaresma com forte coloração comunitária, social e solidária e não mais no plano meramente individualista. Afinal, a fé cristã repele tudo o que se torna individualista e egocentrista, pois professamos na celebração da mesma fé: “Ele está no meio de nós”!

Atitudes como marcar presença numa passeata no final de semana reivindicando um viaduto, uma passarela, evitando que mais pessoas morram na arriscada travessia da avenida ou mesmo num abraço em torno da lagoa ou da praça arborizada, sinalizando que tal espaço deve ser mantido e estar limpo e a serviço de toda a comunidade, geram ações reinocêntricas e com coerência de fé e vida.

Mas ainda é forte em muitos lugares no interior do país tais exercícios piedosos da quaresma. Tem certamente sua validade, mas caminharão para o fim e lamentavelmente sem substitutos melhores pelo fato de não abrir espaço para a dimensão social e profética da fé.

Por outro lado caberia aos cristãos que já “passaram para a outra margem” fazer que sejam  mais visualizados seus gestos concretos de ação social, solidária ou missionária dos novos exercícios quaresmais. Pois nesta nova visão, sempre a partir de Cristo, a quaresma é uma viagem para a festa, a Páscoa, e não para um interior individualista e fechado às dores e clamores da humanidade. Amém!

Um comentário:

Deni Kirst disse...

Individualizar a "fé, é menosprezar a igreja. A caminhada cristã exige união, aliás, a caminhada cristã, não exige nada, mas se você for cristão, se você for cristã, vai se enxergar na vida do outro, vai viver no outro e para o outro! Admiro mais um "ateu" cristão, que mil "cristãos" ateus!... A pessoa que cultua o "eu", está afastada de Deus! Ela tem muita piedade, sim, mas de si mesma!... O mundo não gira em torno de uma única pessoa, nem em torno de duas, tres...somos povo, somos irmãos, somos Igreja, somos um rebanho...! Um fraterno abraço, Pe Cyzo. Abençoado fim de semana!