“A identidade religiosa pós-moderna, pelo contrário , alimenta-se da emoção , de momentos intensos e passageiros , de uma busca de porta em porta de experiências sempre novas nas boutiques espirituais . As pessoas se entregam a verdadeiro nomadismo religioso . Reina o provisório . Desde que uma prática religiosa já não satisfaz, ela é descartada com toda facilidade . Não se receia misturar formas religiosas de tradições as mais diversas e até irreconciliáveis num ecletismo e sincretismo sem questionamentos.
Vive-se no interior de nebulosa religiosa . Institui-se o primado da experiência sobre as prescrições da Instituição . Interiorizam-se e subjetivizam-se as expressões religiosas escolhidas conforme o próprio gosto . Há um dobrar-se sobre si mesmo , sobre o próprio eu . O termo mística soa redondo . Envolve vivências leves , gostosas, suaves . Bem distante da austera mística dos clássicos, como João da Cruz ou Santa Teresa de Jesus.
Portanto, o mundo religioso tornou-se para a identidade cristã enorme desafio. Talvez maior que o próprio ateísmo. Este serviu, em algum momento, até mesmo para purificá-la de material espúrio. A pós-modernidade religiosa, por seu lado, ameaça diluí-la e afogá-la no dilúvio de expressões religiosas sem consistência”
PE. LIBÂNIO – Texto para o 14º Encontro Nacional de Presbíteros em 2012
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