CONTRAMÃO

HOJE É DIA DE REFLETIRMOS COM MAIS PROXIMIDADE O NOSSO CARISMA.

Exatamente daqui há 90 dias nosso carisma celebrará 25 Anos de Fundação.

Neste tempo, com fidelidade, criatividade, solidariedade e também com enormes dificuldades o carisma vem servindo os pobres e sofredores na Mãe Igreja. A VIDA CONSAGRADA é acima de tudo uma ação do Espírito Santo. Caso fosse mera ação humana nossa Fraternidade não teria passado dos primeiros 10 anos. Para mim sempre é muito vivo e muito concreto este versículo no livro do êxodo em 14,15:

“O Senhor Deus disse a Moisés: `Por que clamas por mim?

Dize aos filhos de Israel – o povo – que marchem, que avancem, que caminhem”.

A Fraternidade nasceu num tempo onde a Igreja enfrentou e ainda enfrenta:

- A mais agressiva secularização;

- A negação de Deus de formas várias;

- A relativização dos valores fundamentais da vida;

- A vulgarização das relações e de grande parte das instituições;

- A negação ou omissão da profecia na vivencia da fé;

- A banalização da dimensão familiar e comunitária;

- A crescente individualização centrada num doentio egoísmo;

- A crescente cultura da morte e desprezo pelos pobres;

- Etc...

Neste cenário difícil de ser compreendido muitos cristãos deixaram de ser sal, luz e fermento. Passaram a viver ensimesmados e grande parte da Vida Consagrada isolou-se e afastou-se da vida das vítimas. Este tema já é quase gasto e o que quero dizer é que nesses 25 anos nós jamais afastamos do mundo das periferias, dos vitimados, dos sofredores, dos afro-descendentes, dos indígenas e da infância mais desvalida.

No plano interno da Igreja, não enveredamos por uma ação cristã de meros “louvores” e de liturgias “esplêndidas”, mas lamentavelmente divorciadas da vida e de suas angústias. Sempre procuramos viver a difícil relação fé e vida. Mas é no evangelho de Jesus Cristo, a partir de Lucas 4, 14-22ª que buscamos cada dia nos alimentar e nos fortificar na nossa missão.

Também enfrentamos e fomos na contramão quando vivemos uma comunidade de vida mista e fazemos do masculino e feminino uma ação de amor e testemunho no serviço ao Reino de Deus. Nesta área não fomos pioneiros, mas fomos e somos perseverantes. Quando o evangelho não é mais sinal de contradição – contramão - Lucas 2,34 – estaremos profanando-o mesmo quando somos muito piedosos.

Nosso carisma como todos os outros quando de sua fase nascente, cativou a admiração e o respeito de muitos e também foi e certamente ainda é para tantos uma interrogação, algo a não ser levado em conta. Não faz muito tempo um senhor arcebispo disse com voz de “quem sabe das coisas” a seguinte jóia:

“Que relevância tem esta Fraternidade para a Igreja?

Não vejo nenhuma importância na mesma e por isso não terá meu apoio”.

Pela Graça de Deus e por homens e mulheres de maior estatura humana e espiritual, a Fraternidade celebrará logo mais 25 anos de vida e missão. Ainda precisamos, nós os poucos membros da Fraternidade, de maior conversão a Deus e à Missão e de uma séria revisão de nossa nascente história. Isso certamente será parte da 1ª ASSEMBLÉIA SINAGOGAL a acontecer em fins de outubro próximo, onde durante 10 dias, vamos nos abrir ao Espírito Santo e ao futuro, baseado no pedido outrora feito pelo Deus Vivo a Moisés: CAMINHEM!